Cada vez mais fundamental na infraestrutura e serviços de TI, cloud computing dita novo ritmo no Brasil
A computação em nuvem (cloud computing, do inglês), cada vez mais indispensável na infraestrutura e serviços de TI, está entre as áreas de maior avanço no mercado global. Por conta dos efeitos da pandemia, muitas empresas tiveram de adotar o digital como principal meio de operações – uma migração que não teria a mesma eficácia sem a capacidade de armazenamento de dados em nuvem. Segundo estudo recente da consultoria Gartner, a expectativa para 2022 é que os gastos dos usuários finais em serviços de nuvem pública (onde um provedor aloca sistemas de vários clientes) cresçam 20,4%, chegando a US$ 494,7 bilhões. Em 2023, o investimento pode ultrapassar os US$ 600 bilhões.
A pesquisa também revela que a infraestrutura como serviço (IaaS) é o que puxará o maior crescimento de gastos do usuário final neste ano, representando 30,6%. Em seguida vem o desktop como serviço (DaaS), com 26,6%, e plataforma como serviço (PaaS), com 26,1%. “Os líderes de TI que veem a nuvem como um facilitador em vez de um estado final terão mais sucesso em suas jornadas de transformação digital”, diz o documento da Gartner.
Em busca de maior performance e flexibilidade, as empresas tendem a apostar em ambientes híbridos – combinação entre nuvens públicas e privadas (com infraestrutura não compartilhada com outras organizações). A tendência, que é global, chama particular atenção no Brasil. A última edição do estudo IDC Predictions Brazil aponta que esses ambientes estão ou estarão presentes em mais de 70% das empresas de médio e grande porte ainda em 2022.
Já o Enterprise Cloud Index (ECI), também divulgado este ano, revelou que a multinuvem tem seu uso enraizado no país. Realizado com 1.700 tomadores de decisão de empresas de 14 países, o levantamento mostra que o Brasil lidera essa tendência: 54% dos entrevistados brasileiros utilizam ambientes híbridos como modelo mais comum de implantação de TI, o maior nível de adoção de nuvens distintas, bem acima das médias da América Latina (38%) e global (36%).
A multicloud tem características próprias, que permitem uma adequação conforme requisitos de implantação, segurança e disponibilidade geográfica de cada projeto. “Será cada vez mais comum encontrar estruturas de multinuvem, combinando fornecedores de modo a extrair o que cada um tem de mais adequado para um determinado projeto”, aposta Fernando Areias, CEO da Liferay Cloud, divisão para nuvem da empresa desenvolvedora da plataforma Liferay Experience Cloud.
Na avaliação do executivo, os dados revelados pelo IDC Predictions e pelo ECI são indicativos de que as empresas brasileiras perceberam os consideráveis ganhos de performance com a migração. “A nuvem traz uma forte tendência de otimização no uso dos dados. Ao possibilitar aos times de TI abstrair parte da complexidade do gerenciamento da infraestrutura, ela libera tempo e recursos para que eles foquem em gerar insights práticos a partir da profusão de dados obtidos”, argumenta.
Outra vantagem é que, quando eventos de força maior, como a pandemia, alteram as necessidades do negócio, a flexibilidade da nuvem permite dar uma resposta mais adequada. “O que estamos vendo, cada vez de maneira mais especializada, é um foco em abstrair a complexidade não somente na gestão da infraestrutura de servidores, mas especialmente nas aplicações que rodam a inteligência de negócios. O objetivo continua o mesmo: manter o foco das empresas em seus negócios e ‘delegar’ o máximo possível para a nuvem”, afirma Areias.
As preocupações dos entrevistados brasileiros, segundo o ECI, são as mesmas citadas de forma global. A primeira é com segurança. À medida que o cloud computing ganha força, dados sensíveis estão saindo do sistema on-premise das empresas. Por isso, é essencial que os usuários estejam atualizados sobre as certificações que seus provedores de nuvem possuem, os processos que utilizam para garantir a proteção dos dados, as políticas em relação ao acesso dos usuários e a granularidade das métricas que fornecem aos clientes.
Outro aspecto que gera dúvidas é relativo à integração de dados. O CEO da Liferay Cloud alerta que, com a crescente complexidade do ecossistema de tecnologia nas empresas, esse é um elemento decisivo para seu bom funcionamento.
“Falhar nessa integração do stack tecnológico pode ser custoso”, diz Fernando Areias. Por outro lado, ele acrescenta, fazer com que essas distintas soluções operem em coesão traz diversos benefícios como dados conectados e integrados para uma visão holística do negócio e para apoiar a tomada de decisão. Outras vantagens incluem o aumento da escalabilidade das tecnologias, uma vez que sabe-se o quanto está sendo exigido de cada uma delas, e a simplificação da implementação de novas tecnologias.
Para manter a infraestrutura sob controle, o segredo é o constante monitoramento. Em geral, as soluções em nuvem facilitam a vigilância, pois oferecem métricas de desempenho abrangentes para que as equipes de TI acompanhem os requisitos de integridade e computação ao longo do tempo.
“Os administradores podem entender rapidamente a CPU, o uso da memória, as taxas de transferência de dados e muito mais, de uma só vez”, exemplifica Areias. Ainda é possível receber alertas em tempo real sobre o desempenho do projeto, recursos ou resolução de problemas. “Isso dá celeridade no tratamento das intercorrências e também permite um trabalho preventivo de maneira a reduzir riscos”, completa.
1- Agilidade: desde o começo do projeto, os desenvolvedores têm tudo o que é necessário (da infraestrutura aos ambientes), diminuindo o tempo de lançamento das inovações criadas a partir das demandas dos clientes.
2- Foco no cliente: no geral, as soluções em nuvem simplificam o gerenciamento de infraestrutura. As equipes de TI não precisam mais manter servidores físicos e, em vez disso, podem se concentrar em novas soluções focadas no cliente.
3- Personalização: a nuvem aumenta o poder de plataformas de experiências digitais na entrega de canais e conteúdo personalizado para clientes, colaboradores, parceiros e fornecedores.”